Conheça sobre a intrusão salina, quando a cunha da água salgada do mar avança e se mistura com as águas doces

Intrusão Salina, pela Geóloga Maiara Rech

Como uma mãe cuidadosa a natureza nos deu o maior presente que poderíamos esperar: a água, recurso primordial para a existência da vida na Terra. A água, como sabemos, é de extrema importância para nós seres humanos no desempenho de diversas atividades. No entanto, quando falamos da manutenção da vida, tanto do nosso organismo, quanto do de outras formas de vida terrestres, é necessário um tipo mais que especial de água disponível: a água doce.

Quando ocorrem as chuvas, a água infiltra nos pequenos espaços vazios existentes nos solos e entre os sedimentos, que funcionam como uma espécie de “esponja”. A água doce percorre esse caminho subterrâneo até encontrar uma camada que não permita mais a sua infiltração e leve ao acúmulo de água no subsolo. Esse reservatório de água doce abaixo da superfície é conhecido como lençol freático. Devido ao desgaste natural ao qual o terreno é submetido ao longo do tempo, o lençol freático pode aparecer em alguns pontos da superfície, originando as nascentes, ou em depressões do terreno, formando lagos e lagoas. Ainda, o lençol freático também está associado à manutenção dos rios, riachos e córregos.

De forma similar, a porção do oceano próxima à costa também possui um acúmulo subterrâneo de água salgada, o qual preenche os espaços entre os grãos de areia que formam o leito marinho. Nas regiões costeiras, esses dois tipos de reservatórios subterrâneos, o de água doce continental e o de água salgada marinha, encontram-se em um equilíbrio natural no subsolo. Isso ocorre devido ao fluxo da água doce subterrânea em direção ao mar, que “empurra” e mantém a água salgada do subsolo numa posição de equilíbrio. Além disso, por ser mais densa, a água salgada permanece abaixo da água doce, menos densa.

Contudo, algumas alterações ambientais, especialmente as ocasionadas por interferências humanas, podem desequilibrar esse limite natural dando origem à intrusão salina. Esta consiste na salinização da água doce do reservatório costeiro gerada pelo avanço subterrâneo da água do mar em direção ao continente. Esse fenômeno pode ocorrer de forma natural, como resposta ao aumento do nível do mar pelas ressacas, ondas de tempestades e marés altas, sobretudo, quando não há dunas na linha de costa.

No entanto, quando verificada em maiores proporções a intrusão salina geralmente está associada à retirada excessiva de água doce do lençol freático, em desequilíbrio com a recarga natural pelas águas das chuvas. O bombeamento da água doce continental pode desfazer o equilíbrio costeiro, levando com que a água do mar adentre pelo subsolo em direção ao continente.

Esse fenômeno é particularmente preocupante quando a água marinha alcança pontos de captação de água doce para o abastecimento populacional – tanto subterrâneo, quanto superficiais (lagoas, rios, reservatórios artificiais) – tornando a água imprópria para o consumo. Além disso, o avanço da água salgada pode originar problemas em fundações de prédios e outras obras civis, e também danificar tubulações, chuveiros e torneiras. As principais atividades humanas relacionadas a esse distúrbio nas áreas litorâneas são, acima de tudo, a retirada em excesso e sem controle da água subterrânea por meio de poços e ponteiras e o rebaixamento incontido do lençol freático para implantação de obras da construção civil.

A partir disso, torna-se bastante clara a importância de uma gestão atenta e sustentável da água nas regiões costeiras. Cuidar da água é agradecer e valorizar esse bem valioso que a natureza tão gentilmente nos ofereceu e que possibilitou a existência de todas as formas de vida no nosso Planeta. Sem ela, nada seríamos.

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